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Preço médio do aluguel sobe e especialistas dão dicas para economizar.

Diário das Leis - Noticias

Além dos altos preços, burocracia pode ser empecilho na hora de alugar um imóvel. Aplicativo que dispensa fiador surge como alternativa

FJ Fernando Jordão

Alugar um imóvel no país — e especificamente no Distrito Federal — tem se tornado uma tarefa difícil. Seja pela enorme burocracia envolvida no processo, seja pelos preços cada vez mais altos, o fato é que o processo é quase sempre sinônimo de dor de cabeça. Por isso, o Correio consultou especialistas para dar dicas sobre como economizar e garantir o melhor negócio.

Para o professor de Economia da Universidade Católica de Brasília(UCB) Rogério Mazali, o primeiro passo é fazer um se organizar, fazer um orçamento e ver o quanto o futuro inquilino tem condições de pagar. Depois, é hora de pesquisar como anda o mercado e ver o preço médio cobrado em cada região. "Agora isso ficou muito mais fácil, com websites onde os proprietários fazem anúncios", destaca. Caso não encontre um imóvel com as características desejadas em determinado bairro, vale a pena "buscar em outras vizinhanças onde os imóveis tenham um valor de mercado mais baixo", acrescenta o docente.

Mazali ressalta que é importante ter em mente não apenas o valor do aluguel, mas de todos os gastos com a nova moradia, como IPTU e, principalmente, condomínio. Além disso, o professor diz que é preciso saber que, muitas vezes, o dono do imóvel está disposto a negociar. "É importante que se engaje no processo de negociação. Dá para chegar a um acordo por um valor inferior ao anunciado", enfatiza.

Por fim, o docente pontua que, caso a pessoa que está em busca de um imóvel não ache uma boa oferta naquele momento, ela pode recorrer a aluguéis por temporada: "Com a tecnologia, temos alternativas, como o Airbnb, que oferece contratos de curto prazo. Assim, é possível esperar até aparecer uma oportunidade melhor ou os preços baixarem".

Preço

O preço, de fato, ainda é um dos principais problemas para os inquilinos. De acordo com o índice FipeZap — medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas — os preços médios de locação tiveram uma alta de 0,54% em março. No DF, o aumento foi ainda maior: 0,83%. Nos últimos 12 meses, acumulou uma alta de 2,14%, contra 0,3% da média nacional.

O índice também mostrou que os inquilinos têm pago, em média, R$ 28,38 por metro quadrado. O preço é um pouco maior no DF, R$ 28,91, valor que coloca Brasília em quarto lugar no ranking das cidades mais caras avaliadas pela fundação, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.

Para o professor Pedro Seixas, que coordena o MBA em Incorporações e Construções Imobiliárias da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento, na verdade, revela apenas um início de recuperação após uma severa crise econômica. "Em termos reais, o valor está, no máximo, acompanhando a inflação", explica.

 

"Quando vem uma crise, você começa a cavar um buraco. Quando o cenário se inverte, você deixa de cavar, mas ainda está dentro do buraco. Neste momento, nós ainda não botamos a cabeça fora", ilustra o docente.

Ainda conforme Seixas, o momento atual é oportuno para negociações. "O poder ainda está mais do lado de quem compra e aluga. Ainda há uma pressão da economia em recuperação e a oferta continua mais alta do que a demanda. Mesmo quem já tem um contrato vigente, é uma oportunidade de sentar e verificar se não há espaço até para uma redução do valor", conclui.

Burocracia

Além dos altos valores, a burocracia também é um empecilho para inquilinos e proprietários. Foi pensando nisso que uma dupla de jovens mineiros criou a startup QuintoAndar, cujo objetivo é facilitar a intermediação entre quem tem um imóvel e quem busca um.

Entre as vantagens do QuintoAndar está a possibilidade de fechar um contrato sem fiador, seguro-fiança ou seguro-caução. Desenvolvido por André Penha e Gabriel Braga, o aplicativo, que já funciona no Rio de Janeiro e São Paulo, chega a Brasília na próxima quarta-feira (2/5).

"Brasília é uma cidade muito importante para nós. Além dos fatos óbvios, de ter o 3º maior PIB do país e de ter o maior PIB per capita, tem coisas bem específicas. Por exemplo, é a cidade com a maior porcentagem de residências alugadas: 33% contra 18% da média nacional. As pessoas já têm uma mentalidade de não necessariamente quererem comprar um imóvel", define Penha.

Mineiros André Penha (dir.) e Gabriel Braga (esq.) são os fundadores da QuintoAndar

Mineiros André Penha (dir.) e Gabriel Braga (esq.) são os fundadores da QuintoAndar

Para os proprietários de imóveis, o aplicativo oferece a segurança de receber o pagamento sempre em dia — independente de atrasos por parte do inquilino — e também a garantia de que a residência será devolvida sem danos, graças a um seguro.

Penha conta que a empresa foi aberta em 2013, mas só deslanchou dois anos depois. Desde então, mais de 60 mil imóveis já passaram pelo aplicativo. O fundador também garante que o índice de inadimplência nesse período tem sido baixíssimo.

"As pessoas não gostam de burocracias. Elas acontecem por uma série de salvaguardas. Vêm do excesso de zelo. O que a gente entende é que a tecnologia permite essa proteção sem tanta burocracia", afirma. "A gente trabalha com dois pilares: o alto volume de negócios e a confiança, que vem da nossa capacidade de análise de crédito com tecnologia", completa.

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FONTE: CORREIO BRAZILIENSE, 25.4.2018